quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Short skirt, long jacket

Não, gente, o assunto não é nada natalino. Eu diria que mamãe Noel está super ocupada tentando conciliar 2x (contas do mês) dentro de x (salário).

Passei aqui no blog pra dizer uma coisa aos homens, cautos ou incautos, em especial os babacas de plantão: nunca meça a dignidade de uma mulher pelo tamanho de sua saia.

Vivemos uma cultura de massa que se contradiz há, no mínimo, trinta anos. Ao mesmo tempo em que as minissaias são fashion, a mulher que a veste pode ser vista como uma periguete. Bem, sinto informar, mas a periguete aqui sustenta uma casa e um filho de 9 anos sozinha, fez mestrado, traduz pra fora, estuda, rala, trabalha muito, não apenas na sua profissão, mas ajudando com o que pode no movimento Espírita. Também é importante informar que com carro próprio, casa própria, vida própria, eu, na qualidade de periguete, não tenho a mínima necessidade das caronas, das bebidas, e dos favores desse ser humano do sexo masculino que imprimiu um rótulo em minha testa levando em consideração as minhas vestes.

Você até pode pensar: ela é uma exceção à regra. Mas eu conheço muitas digníssimas periguetes na mesma condição. Vejamos: tem aquela periguete ali da esquina que trabalha como manicure e sustenta 3 filhos, sem ajuda do “pai” das crianças, e ainda acha tempo pra fazer supletivo à noite e mudar de vida. Tem aquela outra que mora na rua de baixo e cuida de casa, marido, filhos, acorda cedo, trabalha o dia todo na loja de móveis e atende clientes gente boa e chatos, com o mesmo sorriso, porque é profissional. Ainda tem mais uma, que mora do outro lado da cidade. Ela não é casada, nem tem filhos, mas está fazendo o ensino médio aos trancos e barrancos, porque a mãe dela sai 5 da madrugada pra trabalhar, e ela quem cuida dos quatro irmãos, incluindo um bebê de 1 ano.

Não vou me delongar em exemplos, mas quero fechar esse meu manifesto matutino com um ditado francês que cabe muito bem aqui: “Ne fiez pas des apparences”. Isso, porque aparência não quer dizer nada e a sociedade tem mais é que se despir desse preconceito, dessa intolerância, dos rótulos da periguete, da bicha, do emo, do mauricinho, e as pessoas precisam viver além dessas cascas.

Eu já fiz minha parte. Descasquei a Rebordosahh nesse exato momento. Se você é homem, e bota fé no que digo, responda minha postagem. Se você é mulher e concorda comigo, fique à vontade pra colocar as cartas na mesa e seu grau de periguetagem à mostra, como eu fiz. Quem acompanha meu twitter sabe, o título (Shot skirt, long jacket) é o nome de uma música de uma banda alternativa dos anos noventa que está meio sumida, o cake. Eu postei a letra em meu twitter e me sinto essa mulher de saia curta e casaco longo: mente como um diamante, acordo cedo, durmo tarde, sou ambiciosa e vou à luta. Se você também usa short skirt e long jacket , no jeito como você leva a vida, seja bem vinda.

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